Os olhos da alegria e o mundo cor de rosa

A doçura das memórias e o encanto de novos ciclos

 

       Esse mês é o mês do meu aniversário. Nasci em 1989 num domingo de Páscoa. Sim, em oitenta e nove a Páscoa foi no dia 26 de março. Me lembro muito bem, de quando criança pedindo para minha dinda me contar sobre o dia que estreei no mundo. Tenho na memória que pedi muitas vezes para ela me contar essa parte da minha história. Sim, para minha dinda, pois era ela escolheu o papel, além de ter a paciência necessária, de sempre me contar as mais diversas histórias ou ler livros infantis para mim.

Pois bem, domingo pela manhã cedinho minha mãe teria dito que achava que seria naquele dia. E foi, depois de esperar o médico que chegou comendo um chocolatinho de sobremesa, nasci as dez para uma da tarde. Rápido e normal como acho que todos os partos deveriam ser.

Eu adoro a páscoa e amo de paixão fazer aniversário. Todos os anos eu tinha festa para comemorar. Tenho recordações incríveis dos dias antes, o dia mesmo e dos que se seguiam. Todo ano tinha um tema. Teve bailarina, Moranguinho, lápis e letras quando entrei para a primeira série e aprenderia a ler e escrever. Teve Xuxa e as Paquitas, Chapeuzinho vermelho, Mickey e Minie bebês e muito mais.

Era uma semana movimentada. Além do fato de que naqueles tempos não haver tantas padarias e confeitarias, muito menos cerimonialistas e decoradoras, nossa família não tinha grana para facilitar tudo. Sendo assim, minha dinda, sim vc vai ler muito sobre ela por aqui, fazia tudo em casa. Desde a decoração, o painel na parede que pintava as vezes com lápis de cor, os salgadinhos, os docinhos, as balas enroladas em papel colorido de franjas, as gelatinas coloridas nos copinhos, o bolo e quando você, se estivesse lá, teria achado que terminara, ainda tinha todos os balões para encher. Mas essa parte ela distribuía a tarefa. Quando surgiu o tal do balão surpresa aí sim foi um reboliço. Não sei como ninguém nunca desmaiou enchendo aquilo, afinal não lembro de nenhuma outra maneira para fazer, sem ser com tudo ar dos pulmões de algum tio ou vizinho meu.



Naqueles tempos minha avó trabalhava limpando uma escola que tinha curso profissionalizante de contabilidade a noite. Como ela e sua colega só podiam limpar após as aulas terminarem, ela chegava, pelo que me lembro, bem tarde, acho que passada das 23:00. Na semana que antecedia minha festinha, quando minha avó chegava, a dinda estava lá fazendo alguma coisa para se adiantar.

Conforme fui crescendo, lembro de ficar junto com elas para ajudar. Então a dinda fazia a massa dos risoles, abria, cortava com um copo de vidro, recheava e fechava. Minha avó passava no ovo. E eu passava na farinha de rosca. Minha avó nunca me deixava ficar na parte do ovo. Ela dizia que eu fazia muita bagunça. Se você já teve a oportunidade de fazer risoles, sabe do que eu estou falando. É uma trabalheira sem fim e se você não fizesse e congelasse, na sua festa ou não teria risoles ou teria que mudar de dia pois não ficariam prontos a tempo.


Era uma semana incrível! Tinha toda uma programação delas. Afinal se não fosse assim não teria tudo que elas queriam e isso não podia acontecer. Você não tem ideia. Mas eu te conto um pouco mais. Primeiro tinha a parte da decoração, que nem minha avó nem eu tínhamos afazeres. Fazíamos só companhia nessas horas mesmo. Tinha o painel, os enfeites para as garrafinhas de vidro. Sim eu sou desse tempo e arrisco dizer que você que está lendo também. As balas de goma embaladas que já mencionei. Algumas coisas ela comprava como os chapeuzinhos e uns enfeites de isopor que surgiram depois.

Com essa parte encaminhada, vinham os salgados que davam para congelar. Então na quinta de noite, eram cozidas as três massas de doces do cardápio. Que já vou te dizer, eram os melhores brigadeiros, beijinhos, com coco e o cravinho sabe, e cajuzinhos da face da terra. Se eu fechar meus olhos agora lembro do sabor do brigadeiro, que chamávamos carinhosamente de negrinho, o que era costume aqui no Rio Grande do Sul, assim como o pão francês era o famoso cacetinho. Sério, eles eram perfeitos. Inclusive me lembro até hoje do crek que fazia quando, depois de uns dias da festa, ainda tinha docinho para comer e eles ficavam com uma casquinha sequinha por fora e super macio por dentro.


No dia era loucura total. Na minha família, não sei como era na sua, mas na minha os parentes vinham todos de manhã pois tinha o churrasco meio dia. Outros tempos. Tempos em que churrasco era comum e barato. Além de por as fofocas em dia, ainda se fazia, cachorro quente, canudinhos, sanduíches abertos, fritavam os congelados, montavam a decoração e corriam, pois, festa de criança era geralmente às 15 horas.

Meus aniversários eram muito bons. Lá em Taquari com minha mãe, tem foto de todos, afinal registrar tudo para ver depois era imprescindível para minha dinda. O que super entendo pois com tanto trabalho, ver as fotos reveladas depois devia ser gratificante.

Você lembra que te falei que nasci no domingo de Páscoa? Pois é, quando fiz oito anos essa data comemorativa caiu novamente no dia vinte e seis do três. Foi a única vez porque o mais próximo disso, somente quando fiz 17 anos e foi no sábado, véspera do domingo da data em questão.

Aquela foi a festa mais temática que eu tive. Foi muito mágico, até meu bolo foi especial. A dinda fez em formato de ninho com ovinhos de chocolate e tudo mais. Sempre havia uma foto minha sentada na cama com todos os presentes em cima. Ainda não sei muito bem o sentido dos presentes expostos na cama e ainda uma foto disso, mas tudo certo. Na foto da festa em questão, dá para ver coelhinhos de pelúcia e várias caixas de bombons que ganhei dos meus convidados. Sem dúvida nunca mais ganhei tanto chocolate na vida como naquele dia.


Como lhe falei tenho um carinho enorme por essas duas datas. Acho que para mim elas tem a doçura das lembranças e a esperança do renascimento. Acreditar que podemos mudar e ser melhores, criar nossa história e lembranças novas conforme a vida vai acontecendo tem tudo a ver com reviver e com um novo ciclo.

Sou eu quem fará aniver nos próximos dias, mas se eu pudesse te dar um presente, escolheria que você reconheça suas melhores lembranças com doçura e que crie as melhores memórias possíveis para você mesmo e para aqueles os quais convivem e dividem sua história com você.



Se você gostou ou se identificou com essas memórias, pode comentar aqui embaixo o que achou. Vou amar ler o que você tem a me dizer!

Bjos 


  

Comentários

  1. Me emocionei!!! Quanta saudade desses momentos!!! O simples era tão magnífico!! Elas eram demais 😍 lembro do bolo de laranja da tia 😋😋😋

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    1. Que alegria ler teu comentário...sim dá saudade mesmo, mas também podemos lembrar que podemos criar memórias como essa com os pequeninhos... Tem coisas tão marcantes que sei de quem é esse comentário só pelo bolo de laranja! Bjos e cria muitas histórias com tua florzinha!

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  2. Sentada no sofá, tomando um mate de final de dia, e lendo teus textos( sim pq acabei de ler os 3 últimos postados), onde nos faz nós conectar com lembranças lindas !!! Obrigada e até semana que vem. Beijos

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    1. Você não sabe o quanto eu fico feliz com esse até semana que vem! Venha sempre que quiser, vou estar aqui para te contar novas histórias... Obrigada e até!

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  3. Me identifiquei!!! Que saudade. Lembranças lindas

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    1. Ah que coisa boa! Dá saudade sim... venha sempre para mais lembranças... Te espero!

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