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Ela acordou pela
manhã com o sol batendo no rosto. Era fraco ainda, mas como brilhava cheio de
luz, a fez acordar. Tentou ficar na cama mais um pouco, se virou para um lado e
para o outro, mas percebeu que não tinha mais sono e que não adiantava ficar
mais ali. Abriu o que faltava das cortinas e foi para o banheiro.
Ao se olhar no
espelho, viu que hoje seria um daqueles dias de cabelo bom. Sabe como são esses
dias? São aqueles em que por algum motivo seu cabelo acorda mais bonito que o
normal, como se quisesse contribuir para que seu dia fosse mais tranquilo e
alegre. Eles podem ser raros, mas volta e meia acontecem para te lembrar que eles
existem.
Escolheu uma
roupa no armário, uma bem confortável, mas com um toque bonito para combinar
com seu cabelo. Ao chegar na cozinha logo pois água para o café, torrou um pãozinho
para comer com geleia de frutas vermelhas. A sua preferida, pois, é daquelas
que são azedinhas além de doces. Já que o dia começou parecendo mais charmoso,
fez ovos mexidos também. Quem não merece um café de hotel não é mesmo?
Depois que tudo estava pronto, passou pela sala carregando seus preparos e arrumou o café da manhã na mesinha da varanda. A sua vista ali era bem interessante já que morava de frente para o mar e era uma linda manhã de outono. Sua casa era na areia e num nível um pouco mais alto que o mar. Entre uma garfada e outra, as ondas vinham para a faixa de areia como se quisessem lhe dizer um oi. Tomou o dejejum mais lentamente do que de costume.
Por um breve
momento lhe passou pela cabeça de como sua vida a tinha levado até ali. Não
sabia dizer se achava que era destino ou suas próprias escolhas. Oras achava um,
oras outro. Isso conforme queria se sentir. Quando estava se sentindo mais
próxima de Deus, escolhia o destino, pois achava que Ele é quem cuidava dessa
parte. Quando queria se sentir mais poderosa e dona de si, tendia para as suas
escolhas, como se fossem uma espécie de triunfo para ela mesma.
O fato é que
faria tudo de novo outra vez por mais redundante que pareça. Ficou refletindo
em como gostava daquelas manhãs, do seu trabalho, que mais seria um hobbie, das
pessoas que encontrava ao ir para a cidadezinha pacata, pequena e charmosa.
Gostava das conversas com os conhecidos nos estabelecimentos. Como, mesmo no
verão, recebiam poucos turistas ou somente famílias tradicionais que sempre iam
todos os anos para as casas de veraneio que tinham por lá, esses locais como a
floricultura, a livraria, o mercado, a padaria, sempre estavam com a quantidade
certa de pessoas para conversarem o quanto precisassem. Afinal, quase todos se
conheciam. Acabou deixando aquelas reflexões serem levadas pela brisa e decidiu
que estava na hora de começar seus afazeres.
Depois de que se
mudou para lá, resolveu dar votos para sonhos adormecidos e então decidiu se
dedicar a fornecer alguns produtos para negócios locais. Fazia algumas tortas doces
assadas, quiches entre outras iguarias. Fazia em alguns dias da semana conforme
ia sendo consumidas onde eram vendidas. Seu trabalho atual era calmo assim como
a cidade em que morava. Como era mais importante a amizade e as trocas entre as
pessoas, cada estabelecimento tenha em seu cardápio produtos que outros locais
não tinham. Assim o dono da padaria podia ir tomar um café com um doce na
cafeteria da cidade, espairecer e a dona da cafeteria já fazia seu pedido de pão
fresquinho para levar para o jantar quando saísse do expediente.
No dia em questão, quando tudo saiu do forno, se aprontou e saiu. Fez uma nota mental para lembrar das flores que queria comprar. Era uma quinta e nesses dias, ela e algumas amigas tinham uma confraria. Era a noite em que se juntavam, cada uma levava algo delicioso para comer, bebiam vinhos diferentes. Não que ela ou as companheiras entendessem muito da bebida ou as avaliassem, faziam isso pois gostavam da companhia umas das outras, jogavam conversa fora, falavam das suas famílias e davam as risadas que as vezes ficavam escondidas em algum canto por aí. As flores seriam para por na mesa e alegrar a anfitriã da noite. Um agrado para os olhos durante as conversas.
Ao voltar
deixou as flores sobre a mesa para dar o perfume que iria sentir quando abrisse
a porta da casa no fim da noite quando chegasse. Ao subir as escadas, deu mais
uma olhadinha nelas, só para confirmar o sentimento de que adorava flores em
casa.
De banho tomado,
escolheu um vestido leve, estampado e com mangas curtas. Vestiu um calçado,
terminou de se arrumar. Desceu, pegou as flores, torcendo que tivessem ficado
tempo suficiente para o perfume permanecer na casa até ela voltar. Lembrou de
pegar o prato que levaria e saiu pela porta.
Escolheu o caminho pela beira da praia, foi indo sentindo o vento no rosto e nos cabelos, com a água do mar indo e vindo nos seus pés, sentiu-se grata pelo dia que tivera. Viu sua imagem e o cabelo lindamente amanhecido, passando por sua mente, pensou no elogio que recebeu por seus produtos de alguém que os havia consumido, lembrou que carregava nos braços, as flores que iam alegrar uma amiga. Rapidamente vieram elas nos seus pensamentos e sentiu-se ainda mais grata. Era como se já pudesse ouvir as risadas que ainda iam dar quando chegasse lá. Nessa hora, sentiu outra sensação que gostava muito, a de que amanhã iria se sentir grata e alegre pelas coisas que ainda iria viver naquela noite.
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