Os olhos da alegria e o mundo cor de rosa

Sobre gratidão e quietude: Será que tem alguém na janela do avião?



    A pouco tempo fizemos uma reforma aqui em casa. Antes o que era uma sala  num cômodo e a cozinha em outro, agora são sala e cozinha integradas. Antes o que era uma sala com porta e janela, agora é um janelão ou porta, aquelas de sacada que você pode abrir tanto para um lado quanto para outro, sabe?

    Pois bem, depois que a reforma foi feita, minha casa ficou muito melhor. Gracas a Deus! Até mesmo porque meu marido me matava se, depois de duas paredes quebradas e muita sujeira, mas muita mesmo, não tivesse mudado para melhor, eu com certeza não estaria mais aqui para te contar essa história.

    As quartas é sempre uma correria, vamos mais cedo para o trabalho. Eu tenho aula de zumba ele  massagem. Chegamos mais tarde em casa e mais cansados.

    Cheguei, jantamos, tomei banho, lavei bem o cabelo. Me refresquei do calor. Então sentei no sofá,  com aquela sensação boa de ventinho no cabelo molhado. 

    Fiquei sentada de frente para o janelão. As luzes da sala estavam apagadas, as da cozinha estavam meia luz. Tinha uma brisa tão boa! Principalmente se eu pensar em todo calor que senti durante o dia.

    Fiquei ali... me acomodei no sofá. Fiquei sozinha por um tempo enquanto ouvia o barulho do chuveiro. 

    Do outro lado da rua, no patio do vizinho tem uma árvore.  Daqui onde me acomodei, percebi uma lua linda e tímida. Ela estava brilhante e grande, imponente até,  mas dado o horário, estava convenientemente escondida atrás da árvore do vizinho. 

    Conversei um pouco com meu marido. Fiz carinho na Nina. Os dois foram dormir. Ficou só eu, ela que saia de trás da árvore devagarinho, e o janelão.

    Fiquei ali. Simplesmente existindo. Fiquei ali e me dei conta de como sou mais feliz depois da reforma. Me dei conta de como amo, e agora ainda mais, minha casinha. Me dei conta de como é bom simplesmente existir e poder ver a lua fazendo o seu trajeto. Vendo as luzes e sombras no corrimão. Me deixei perceber que o que eu sentia era gratidão e quietude.

    Depois de um certo tempo, a lua já tinha percorrido um bom pedaço, então eu não  a via mais. Nesse momento percebi que havia um grilo cantando em algum lugar por ali. Pois é,  tenho o luxo de morar num lugar que ainda se houve grilos por mais que more numa cidade cada vez maior. Então ficou eu e o grilo.

    Lá pelas tantas, passou um avião. Pelo menos acho que era um, visto que voava e tinha luzes piscantes. Naquele instante, me passou pela mente que provavelmente haviam varias pessoas nele. 



    Ás vezes tenho esse pensamentos. Acontece de vez em quando. Algumas vezes quando viajo de carro ou ônibus e paro num sinal. Ás vezes quando olho as janelas dos prédios e vejo alguém. Outras quando vejo aviões.

    Então penso: eu estou aqui e vejo alguma dessas coisas. Do outro lado, ou seja,  dentro do avião, prédio, carro ou ônibus, há outra pessoa, que simplesmente não faz ideia que esta sendo observada. Então penso logo em seguida sobre todas as ocasiões que eu deve estar sendo observada e que não faço ideia de que isso está acontecendo. Esses pensamentos já passaram inúmeras vezes na minha mente.

    Mas voltando para o meu janelão, hoje ao ver o avião, me perguntei se lá dentro, em alguma das janelas há outra pessoa, olhando por sua janela e  sentido toda essa gratidão e essa quietude que sinto agora aqui em baixo. Sinceramente? Eu espero que sim!

Boa noite!



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